Pesquisas sugerem que o consumo diário de aspirina reduz o risco de câncer, especialmente do câncer colorretal, mas as evidências para o uso em dias alternados são escassas. O objetivo do estudo publicado no periódico Annals of Internal Medicine foi examinar a associação entre o uso prolongado de aspirina em dias alternados e o câncer em mulheres saudáveis.
O ensaio clínico randomizado, com acompanhamento observacional de profissionais de saúde do sexo feminino, contou com a participação de 39.876 mulheres, com 45 anos ou mais, do Women’s Health Study, 33.682 das quais continuaram o acompanhamento.
As participantes receberam, em dias alternados, 100 mg de aspirina ou placebo. O tempo médio de seguimento foi de 10 anos.
Um total de 5.071 casos de câncer (incluindo 2.070 casos de câncer de mama, 451 de tumores colorretais e 431 de câncer de pulmão) e de 1.391 mortes por câncer foram confirmados. Durante todo o acompanhamento, a aspirina não teve associação com o número total de cânceres ou com os tumores malignos das mamas e dos pulmões. A incidência do câncer colorretal foi menor no grupo que recebeu aspirina, principalmente o câncer de cólon proximal. A diferença surgiu após 10 anos, com uma redução pós-acompanhamento de 42% (P<0,001). Não houve efeito estendido para as mortes por câncer ou para os pólipos colorretais. Mais sangramento gastrointestinal (P<0,001) e úlceras pépticas (P<0,001) ocorreram no grupo que recebeu aspirina.
As limitações do estudo incluem: nem todas as mulheres receberam o seguimento prolongado; o viés de apuração dos resultados pós-acompanhamento não pode ser descartado; os casos de hemorragia gastrointestinal, úlceras pépticas e pólipos foram auto-relatados durante o seguimento prolongado.
Concluiu-se que o uso de baixas doses de aspirina, em dias alternados, pode reduzir o risco de câncer colorretal em mulheres saudáveis.
Fonte: Annals of Internal Medicine