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O tecido adiposo marrom, estimulado pelo frio, poderia corrigir a hiperlipidemia e os efeitos deletérios da resistência à insulina

Até poucos anos atrás, acreditava-se que o tecido adiposo marrom existia apenas nos animais hibernadores e nos filhotes de mamíferos (no caso de seres humanos, em recém nascidos). Sua presença em humanos adultos, localizada na parte superior do tronco e no pescoço,foi demonstrada, em 2006, por pesquisadores da Universidade de Estocolmo, na Suécia.

Em janeiro deste ano, um artigo publicado na Nature Medicine mostrou que, em camundongos, o tecido adiposo marrom pode ser estimulado pelo frio, de modo a corrigir a hiperlipidemia e os efeitos deletérios da resistência à insulina. Se esses resultados forem confirmados em humanos, no futuro, a descoberta poderá dar origem a novas abordagens farmacológicas para o problema dos altos níveis de triglicérides, intimamente associados à obesidade.

O tecido adiposo marrom é capaz de armazenar mais gordura por célula e tem muito mais mitocôndrias (que têm ferro e por isso são escuras) que o tecido adiposo branco, formado pelos adipócitos. Nos animais hibernadores e nos filhotes de mamíferos em geral, sua função é proteger o organismo do frio,fornecendo a energia necessária para que o indivíduo se mantenha vivo enquanto está impedido de obter alimento por conta própria.

O artigo publicado pela Nature Medicine vai além disso e mostra detalhes do metabolismo do tecido adiposo marrom, revelando sua participação no clearance de triglicérides. A constatação foi obtida a partir da análise do plasma de dois grupos de camundongos, um grupo de animais mantido em ambiente a 22°C e o outro, em gaiolas refrigeradas, a 4°C. Foi marcante a redução da concentração de triglicérides no segundo grupo, afirmaram os autores, que observaram ainda que a abundância de colesterol HDL sofreu ligeiro aumento, possivelmente pela maior disponibilidade de uma de suas moléculas precursoras. A principal conclusão a que chegaram os pesquisadores foi que a exposição ao frio facilita a captura de triglicérides pelo tecido adiposo marrom, um processo que está associado ao aumento da permeabilidade endotelial a lipoproteínas e é dependente de uma proteína da membrana celular (CD36) e de uma lípase (LPL).

Eles constataram que a ativação do tecido adiposo marrom foi capaz de corrigir a hiperlipidemia. Outro aspecto importante do trabalho foi o método usado pelos cientistas para chegar a esses resultados. Eles utilizaram nanocristais embebidos com substâncias marcadas por isótopos radioativos (H3e Fe59), que foram colocados no centro das partículas de triglicérides injetadas nos animais. As pegadas deixadas por elas, observadas por ressonância magnética nuclear, permitiram traçar seu caminho metabólico.

Como esses nanocristais têm baixa toxicidade, a tecnologia poderia ser adaptada para uso em humanos, segundo os autores, para ampliar o entendimento do papel fisiológico do tecido adiposo marrom, bem como de seu potencial como futuro alvo terapêutico contra a obesidade.

Por Luciana Christante
em www.revistapesquisamedica.com.br

2018-04-14T05:23:20+00:00

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