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Como tratar a hipertensão nos grandes idosos?

Comentado por Dr Daniel Kitner.

Algumas décadas atrás, a pressão sistólica aumentada era considerada um problema normal do envelhecimento (numa pressão de 130 x 80 mm Hg, consideramos 130 a pressão sistólica).

Já há alguns anos, houve uma mudança conceitual, e essa mesma pressão sistólica passou a ser considerada danosa, ou seja, precisava ser combativamente tratada. Contudo, os idosos incluídos nos estudos que geraram a mudança conceitual eram, em sua quase totalidade, saudáveis, exceto pela pressão elevada.

Pois bem. Nessa semana, o prestigioso Journal of the American Geriatrics Society (JAGS) publicou um estudo observacional realizado na Holanda, e liderado pelo Dr. Sabayan.

Segundo o autor da publicação, os 572 idosos, que eram frágeis e tinham 85 anos no início do estudo, tiveram maior sobrevida quando a pressão sistólica não foi agressivamente tratada. Todos os participantes foram acompanhados por cinco anos. O Dr. Sabayan concluiu que uma conduta mais parcimoniosa, nesse grupo de pacientes, parece ser mais vantajosa.

Aqui vale uma explicação. O idoso considerado frágil é aquele geralmente com mais de 80 anos, com baixa massa muscular, com maior risco de quedas, geralmente com várias outras doenças associadas e já tomando vários medicamentos.

É possível que, ao se permitir uma pressão sistólica um pouco mais elevada, o cérebro receba mais sangue e melhore seu desempenho. Isso tem sentido, desde que se entenda serem esses idosos portadores de artérias mais duras, rígidas. Naqueles indivíduos mais jovens, com vasos menos endurecidos, essa mesma pressão elevada pode causar rompimento da artéria (acidente cerebral hemorrágico), ou precipitar a formação de um coágulo (acidente cerebral isquêmico).

Apesar de o artigo não fornecer uma resposta definitiva para a questão do tratamento da pressão sistólica em grandes idosos frágeis, ele reforça a idéia de que essas pessoas apresentam muitas particularidades, devendo ser tratados de maneira diferente daquela dos idosos mais jovens e dos adultos não idosos.

 

Referência: Sabayan B et al. High blood pressure and resilience to physical and cognitive decline in the oldest old: The Leiden 85-Plus Study. J Am GeriatrSoc 2012 Nov; 60:2014.

Daniel Kitner – Geriatra e Clínico
daniel.kitner@clinicaqualivida.com.br

 
 
 

2018-04-14T05:23:25+00:00

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