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Cuidados clínicos em pacientes com Alzheimer

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, estando o Brasil ocupando posição de destaque no número absoluto de idosos. Em 2002, havia pouco mais de 14 milhões de idosos no Brasil, que ocupava a 7ª posição mundial em número absoluto de gerontes. Estima-se que, até 2050, o Brasil passe a ocupar a 4ª posição, ultrapassando a Rússia, o Japão e a Indonésia, e ficando atrás apenas de China, Índia e Estados Unidos.A doença de Alzheimer (DA) é a demência mais freqüente, e a chance de desenvolvê-la é tanto maior quanto mais idade tiver o indivíduo.O cuidado do paciente demenciado deve ser realizado, idealmente, por equipes multidisciplinares integradas, havendo importante participação do geriatra nesse mister.

CONCEITOS BÁSICOS

• Gerontologia – Ciência que estuda o envelhecimento;
• Geriatria – Ramo da gerontologia que se ocupa dos aspectos MÉDICOS relacionados à prevenção, tratamento e cuidados biopsicossociais dos processos patológicos relacionados ao envelhecimento.

Dessa forma, qualquer pessoa que se dedique ao estudo do envelhecimento, independente de sua profissão, pode vir a ser gerontólogo. Por outro lado, apenas médicos podem ser geriatras.

PRINCIPAIS PROBLEMAS GERIÁTRICOS NOS PORTADORES DE DA

Constipações intestinal

As queixas mais usuais para o diagnóstico de constipação intestinal são:

• Realização de 2 ou menos evacuações por semana;
• Evacuações com dificuldade;
• Fezes endurecidas;
• Sensação de evacuação incompleta.

Embora existam várias doenças que predispõem ou causem a constipação intestinal, deve haver no paciente com demência particular preocupação com alguns medicamentos que pioram a constipação intestinal. São eles: opióides (codeína, tramadol, morfina), antiácidos, antidepressivos, antiparkinsonianos, remédios para incontinência urinária, antiinflamatórios e bloqueadores de canais de cálcio (nifedipina, anlodipina). Sempre que possível, nos pacientes constipados, deve-se conversar com a equipe médica, a fim de que se defina pela suspensão ou substituição de algum fármaco constipante.

Outros cuidados no manuseio do indivíduo constipado são:

• Manter atividade física regular, para acelerar o trânsito intestinal;
• Oferecer líquidos frequentemente, principalmente água, uma vez o idoso demenciado perde parcialmente a sua capacidade de perceber que está com sede;
• Usar laxativos, sob orientação médica, tais como bisacodil, senna, lactulose, óleo mineral, supositórios e enemas.

Incontinência urinária

Os principais sintomas da incontinência urinária são:

• Perda de urina aos esforços;
• Dificuldade para chegar ao toalete, com perda de urina nas roupas;
• Perda urinária sem percepção

Existem algumas situações de incontinência geralmente irreversível, como nos pacientes com doença de Parkinson e traumatismos medulares. Por outro lado, existem causas reversíveis de incontinência urinária, tais como infecção urinária, atrofia vaginal, cirurgia de próstata, fezes impactadas (fecaloma), confusão mental aguda (delirium), diabetes descompensado e uso de medicamentos.

Dentre as substâncias que causam incontinência urinária reversível, destacam-se: diuréticos, cafeína, antidepressivos, antipsicóticos, opióides e bloqueadores de canais de cálcio.

Dessa forma, as principais medidas a serem observadas no manuseio do indivíduo incontinente são:

• Identificar causas reversíveis e intervir, quando possível;
• Realizar exames complementares, a critério médico;
• Utilizar fármacos específicos para o tratamento ou cateterismo urinário intermitente, todos sob orientação médica.

Quedas

As quedas são um problema particularmente preocupante, em virtude da perda de qualidade de vida que usualmente ocorre em associação às fraturas. As complicações das quedas representam a principal causa de morte por trauma em idosos, particularmente naqueles demenciados.

Estima-se que quase 40% das pessoas idosas que vivem com suas famílias levem pelo menos 1 queda por ano.  Além disso, metade das quedas resultam em alguma lesão, desde um pequeno ferimento na perna ou braço até uma fratura grave de quadril.  De cada 10 pessoas que caem, pelo menos 1 precisa ser hospitalizada.

Existem vários fatores de risco para as quedas, destacando-se a idade avançada, o gênero feminino, os problemas visuais, a história pregressa de quedas, as doenças do coração, a depressão e a demência, as tonturas, a artrose nos joelhos e quadris, além do uso de fármacos. Os principais medicamentos associados às quedas são os benzodiazepínicos (bromazepam, lorazepam, clonazepam, dentre outros), antidepressivos, barbitúricos (fenobarbital) e hipotensores arteriais (drogas para a hipertensão).

Após levar uma queda, o principal problema associado é a ocorrência de fraturas. As fraturas após queda são mais comuns nos mais idosos, nos emagrecidos e naqueles com osteoporose.

A prevenção é a chave para o manuseio das quedas. A correção da visão e a investigação de doenças do coração são importantes. O tratamento da osteoporose e o uso de exercícios para o equilíbrio também podem trazer grande benefício.

A adaptação do ambiente doméstico é primordial para a prevenção das quedas, devendo-se manter o chão limpo e sem entulhos, remover tapetes das salas e quartos, usar tapetes antiderrapantes para o banho e corrimões junto aos sanitários e no local do chuveiro. As cadeiras devem ter braços, os ambientes devem ser bem iluminados e os objetos de uso diário devem ser mantidos em localização acessível ao nível do ombro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cuidado geral do paciente idoso demenciado é determinante para a melhora da qualidade de vida desses indivíduos. As ações de saúde devem ser idealmente multidisciplinares, sendo todos os membros da equipe igualmente importantes.

 

Daniel Kitner – Geriatra e Clínico
daniel.kitner@clinicaqualivida.com.br

 
 
 

2018-04-14T05:23:42+00:00

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